Coral Cidade dos Profetas realiza concerto

Coral Cidade dos Profetas realiza concerto

Além do patrimônio arquitetônico, os séculos 18 e 19 deixaram, em Minas Gerais, um incrível legado musical ainda pouco conhecido pela atual geração.

O Coral Cidade dos Profetas é um dos raros grupos brasileiros dedicado a executar as composições de notável qualidade artística e estética daqueles tempos.

E o que é melhor: num dos mais belos cartões-postais do estado: a Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, onde está a obra-prima de Aleijadinho – os 12 profetas em pedra-sabão e a representação dos Passos da Paixão de Cristo.

No dia 11 de janeiro, sábado, às 11 horas da manhã, o grupo volta à cena com um concerto dedicado a obras de “Mestres da Música Colonial Mineira”.

O recital, com entrada gratuita, integra as homenagens da cidade ao bicentenário de Aleijadinho, o maior artista brasileiro de todos os tempos e faz parte da Série Concertos Coloniais.

Cantado em Latim, será regido pelo maestro Herculano Amâncio, e evidencia a expressividade, a diversidade e a riqueza melódica daquele período, como Stabat Mater e Missa do Oitavo Tom, ambas de Manoel Dias de Oliveira; Maria Mater Gratie, de Marcos Coelho Neto; Ofertório de Nossa Senhora da Assunção, Responsório I e II, de autores não conhecidos; e Credo, de Lobo de Mesquita.

O projeto tem patrocínio da Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, apoio cultural da Rede Globo Minas e da Prefeitura Municipal de Congonhas.

Coral Cidade dos Profetas realiza concerto

O Coral Cidade dos Profetas

Fundado em 1988, por um grupo de pessoas interessadas em aprender música, o Coral Cidade dos Profetas surgiu com a preocupação de aliar a arte musical à arquitetura barroca, grande patrimônio da cidade histórica de Congonhas (MG). Ao se especializar na interpretação de música sacra antiga, notadamente a Colonial Mineira, o grupo se tornou um dos principais protagonistas da divulgação deste inigualável patrimônio imaterial de Minas Gerais.

O Coral é mantido pela Associação Cultural Canto Livre, entidade sem fins lucrativos, declarada de utilidade pública pela Lei Municipal Nº 2617/2006 e pela Lei Estadual Nº 19510/2011, e oferece, gratuitamente, por meio da Associação, formação musical a pessoas com idades entre 12 e 80 anos. O grupo é reconhecido como uma das mais belas manifestações culturais do interior de Minas Gerais.

No currículo do Coral, há diversos projetos, como o “Concerto à Virgem Maria e ao Seu Divino Filho”, “Concertos em Homenagem ao Aleijadinho” e “Concertos da Paixão”. O mais recente trabalho do grupo é o “CD Coral Cidade dos Profetas” – no qual interpreta obras de Lobo de Mesquita. Em novembro de 2013, iniciou a Série Concertos Coloniais. A proposta é fazer entoar o repertório antigo para a atual geração, e inaugurar uma nova opção cultural e turística em Congonhas, com a realização mensal de grandes concertos, em igrejas barrocas da cidade.

Música Colonial Mineira

Elemento artístico e cultural da história do Estado, a Música Colonial Mineira se impõe desde suas origens, alcançando seu apogeu na segunda metade do século 18. Sua organização e profissionalização ocorrem durante a formação de nossas primeiras vilas e arraiais, durante o apogeu do Ciclo do Ouro. Assim como a arquitetura e as artes plásticas têm alto grau de bom gosto, as Igrejas Católicas Mineiras possuem vastos refinamento e sutileza, que fazem com que um excepcional acervo musical, misturado às outras artes – que se implantam e crescem à época –, tracem o perfil da Capitania das Minas Gerais. ??

A música religiosa dos tempos coloniais fundamenta-se na riqueza dos textos litúrgicos, em que as frases, com seus sentidos específicos, despertam a inquietação, a imaginação e a criatividade do compositor, que sabe explorar os recursos musicais disponíveis para parafrasear os textos, com grande liberdade nas reexposições de temas e ideias musicais. Esbanjam-se, assim, ornatos e contrastes, fazendo com que as peças se encham de beleza e harmonia.

A despeito de inúmeros agentes esforçarem-se na busca do resgate da Música Colonial Mineira, bem como na reconstituição de suas partituras, boa parte da produção deste manancial de beleza permanece desconhecida pela atual geração, em manuscritos guardados em bibliotecas públicas e coleções particulares, ou circulando em cópias precárias de intérpretes. O que pôde ser salvo até agora representa apenas um reflexo de esplendorosa atividade criadora, que alcançou, em diversas ocasiões, grande beleza.

Na segunda metade do século passado, com a substituição do latim pelo vernáculo nas cerimônias e rituais da Igreja Católica, temeu-se pelo completo desaparecimento desta música. No entanto, nos dias atuais, têm sido cada vez maiores o interesse e a apreciação pela Música Colonial Mineira , o que justifica a iniciativa do Coral Cidade dos Profetas, de Congonhas, em propagar este rico legado musical do passado de Minas Gerais.

[RodUn]