Estação Ferroviária de Guaxupé
Estação Ferroviária de Guaxupé
Cia. Mogiana de Estradas de Ferro (1904-1971) Fepasa (1971-1992)
GUAXUPÉ – Município de Guaxupé, MG
Ramal de Guaxupé – km 44,497 (1938) | MG-1970 | |
Inauguração: 15.05.1904 | ||
Uso atual: sede de repartições municipais | sem trilhos | |
Data de construção do prédio atual: anos 1930 |
Era a única estação do ramal em território mineiro. Dela saíam os ramais de Biguatinga, Passos e Juréia, todos dentro de Minas Gerais. O de Biguatinga e de Juréia foram eliminados na primeira metade dos anos 1960.
Quando a saída dos trens era para Juréia ou para Biguatinga, a saída era normal, sem manobras. Já para Passos, a saída era de ré. O ramal de Passos se encontrava, ao norte, com a estação de São Sebastião do Paraíso (ponto final da E. F. São Paulo-Minas).
Há relatórios de 1940 que mostram que nessa época a estação tinha um girador de locomotivas. Já nos anos 1970 esse girador não mais existia, o que havia era um triângulo de reversão (segundo Paulo Cury e Coaraci Camargo). “Em Guaxupé era necessária uma manobra curiosa: o trem vindo de Casa Branca entrava a direita em um triângulo de reversão, pouco antes da estação, que ficava
ACIMA: Carimbo em selos (1906) de correspondência que seguia de Dores de Guaxupé (nome da época) para São José do Rio Pardo, por trem, para distribuição (Acervo Márcio Protzner).
A uns 200 ou 300 metros dali. Na hora da partida, o trem saia de ré e voltava para o triângulo, onde depois das chaves devidamente arranjadas, seguia à esquerda para Guaranésia, Monte Santo, etc.
Para os trens vindos de Passos, a monobra era invertida. Isso ocorria pois com a eliminação dos ramais de Juréia e Biguatinga a estação ficou afastada da linha remanescente (o ramal de Passos).
Era curioso notar como a linha terminava poucos metros além da estação. Também havia em Guaxupé um depósito de locomotivas, onde as GL8 eram abastecidas durante a parada. O depósito foi desativado em 73 ou 74.
No início dos anos 1970, corriam os seguintes trens nesse ramal: o PP1/PP2 – Casa Branca-Passos e vice-versa, com baldeação em Casa Branca; o NP1/NP2 – Casa Branca-Passos e v. versa (noturno) sem baldeação em Casa Branca; e o LG1/LG2 – Campinas-Casa Branca-Guaxupé (Litorina) sem baldeação em Casa Branca” (Maurício Torres, 07/2003).
“Desde que a linha foi interditada perto de São José do Rio Pardo, Guaxupé recebia trens cargueiros via São Sebastião do Paraíso e Guaranésia. Nunca me esqueço, lá pelos idos de 1983, no dia em que vi uma composição com 2 G-12 da Fepasa.
A linha aguentou, pois elas eram bem pesadas. Uma delas ainda tinha a velha cor azul da Fepasa. Chegaram na estação trazendo cimento e adubo, e as duas ficaram manobrando na estação. Traziam até 20 hoppers carregados e voltavam vazios para Paraíso.
A estação de Guaxupé, nesta época, tinha chefe e manobrista, apesar de receber trens só ocasionalmente. Tinha também um monte de desvios, depósito de locomotivas, outro de vagões e até o local aonde ficavam os tanques de diesel.
Tudo existe lá até hoje, bem como sua caixa d’agua. A estação de Guaxupé na época era um depósito de carros antigos da Mogiana, de carga e de passageiros, e nós sempre íamos brincar neles.
Havia carros Pullman, de correio, de carga, mas nenhuma locomotiva. Também havia 3 vagões de cargas modernos, da Fepasa, um ficou anos ao lado do depósito do Agrocampo e os outros dois no final da estação. Continuou assim por um tempo, até que houve um período que não houve atividade nenhuma vinda de Paraíso, isso até 85/86, quando o governador Montoro anunciou a reforma da linha entre Casa Branca e Guaxupé.
A estação e a linha foram reformadas, os vagões antigos de madeira da estação foram queimados e suas peças levadas para ferros-velhos. Os trens que vinham de Paraíso acabaram de vez e nunca mais voltaram.
Esta linha existiu até o começo de 1992, me lembro bem porque uma vez fui com um amigo por ela até Guaranésia. Nesta época, o movimento passou a ser via Casa Branca.
Em geral, eram 12 vagões carregados de adubo puxados sempre pela mesma GL-8 da Fepasa, só que ela tinha que deixar a metade em Itaiquara e voltar até lá pra buscar depois, porque segundo os maquinistas ela não agüentava subir com todos um aclive que existe lá…e lembro que uma vez esta máquina chegou com os corrimãos amassados porque havia pegado uma camionete em Itaiquara.
A composição trazia adubo para Guaxupé e voltava vazia, parece que iam levar café de volta, mas isso nunca aconteceu. A composição descarregava na estação, onde os
Caminhões da cooperativa encostavam ao lado… o engraçado é que nunca foram utilizados os desvios da Cooperativa e da Exportadora (que existem até hoje, inclusive) para isso… o curioso é que muito tempo depois que a linha foi extinta, a cooperativa mandava café em contêineres de carreta para Casa Branca-velha, aonde eram colocados no trem e despachados para Santos. Até que de repente o movimento no ramal parou de vez…o último trem de cargas (o último de todos) chegou em Guaxupé em março de 1988, para nunca mais voltar.
Até 1989/90, a estação mantinha funcionários da Fepasa… até que ela foi desapropriada pela prefeitura, arrancaram os trilhos e acabou-se tudo” (Rômulo Fávero, 01/2003).
Já, por outro lado, há gente que conta uma história um pouco diferente sobre os trens que chegavam a Guaxupé: “Nenhum dos trens de passageiros que se dirigiam a Guaxupé ou Passos, não faziam baldeação em Casa Branca. O que acontecia era que o carro breque é que era desocupado e retornava.
Digo isso porque trabalhei muito tempo na estação de Casa Branca-nova que era o local onde os trens eram unidos ou separados. Os carros de passageiros, o “b” e o “c” do PP1 vinham de campinas no “rabo ” do R1, e o PP2, sua composição, exceto o breque era engata na trazeira do R2.
Outra coisa, em Guaxupé, segundo todas as pessoas com quem conversei, nunca teve virador, apenas o triângulo de reversão. A antiga estação está hoje (2005) sediando algumas secretarias municipais, entre elas a da cultura, ocupando a antiga oficina das diesel, estando em reforma o depósito de loco a vapor, onde funcionava o escritório do engenheiro há um posto de saúde, no depósito de cargas e na composição, local onde trabalhei muitas vezes junto com meu pai, parte da secretária da cultura – um teatro.
Na antiga chefia e no movimento, estão fechados e parecem desocupados. Onde funcionava a cooperativa dos funcionários, ligado ao depósito de cargas, hoje é o escritório do sindicato e do delegado da UFAM.
ACIMA: Estação de Guaxupé em 1993. Já não havia mais vestígios de nenhuma das quatro linhas que ali se juntavam (Foto Carlos Roberto de Almeida).
Finalmente, na ala de passageiros, uma espécie de sala de espera toda aberta para a plataforma juntamente com o local do bar e bagagem, hoje funciona um serviço de saúde do trabalhador.
Infelizmente o deposito de carros foi totalmente demolido, sendo que lá foi construído um parque denominado ‘Parque Mogiana’. O desvio que ia até o depósito da cooperativa e do armazém do frota, ambos na saída para Casa Branca tiveram tráfego normal até 1969-70, quando foram interrompidos, e caminhões passaram a levar o café diretamente para a estação.
Já o café que era transportado por caminhão, até 1969 eram da Exportadora de Café Guaxupé, de propriedade de Olavo Barbosa, cujos depósitos ficaram sem acesso com a extinção do ramal da Juréia” (Francisco Marques, 03/2005).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisas locais; Francisco Marques; Elias Mora; Marcelo Mathias; Raul Romão; Márcio Protzner; Rômulo Fávero; Paulo Cury; Coaraci Camargo; Carlos Roberto de Almeida; Cia. Mogiana: relatórios oficiais, 1890-1969; Cia. Mogiana: relação oficial de estações, 1937; Mapa – acervo R. M. Giesbrecht)
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