Andradas, a Terra do Vinho!
Andradas, a Terra do Vinho!
História de Andradas
Os registros históricos oficiais de Andradas começam em 1792, com a iniciativa de dois fazendeiros de Baependi. Naquele ano, segundo os dados analisados, Felipe Mendes e Antônio Rabelo de Carvalho atravessaram o rio das Antas, cruzaram a Cachoeira Grande (hoje Cachoeirinha) do córrego do Tamanduá e se estabeleceram às margens do córrego do Cipó – Felipe Mendes à margem direita, Antônio Rabelo à esquerda.
Com o gado que trouxeram, iniciaram suas fazendas.Revelando um pouco as características do lugar, o primeiro povoado foi chamado de Samambaia, planta que dividia a paisagem com araucárias, perobas, cedros e jequitibás.
Além de áreas de várzea, também se observavam na região os chamados campos de altitude.Como era comum naqueles tempos, depois de se estabelecer no casarão da Macieira, na fazenda Lagoa Dourada, Felipe Mendes voltou a Baependi para buscar a família e escravos.
Conforme consta, um deles, que não queria se mudar para a nova fazenda, provavelmente porque deixaria parte de sua família, assassinou o fazendeiro.Sua mulher, Maria Francisca de Jesus, e os filhos conheceram então a fome e a miséria.
Apareceram aventureiros para se apossar das terras. Sentindo-se impotente para enfrentar a situação, a viúva doou metade da fazenda para o alferes André de Pontes Pereira, garantindo, assim, a continuidade da colonização iniciada e dando origem a uma das principais famílias da história de Andradas.
A economia da época girava em torno da vida familiar, caracterizada por “casa, paiol e senzala”, que constituíam um sistema de subsistência praticamente auto-suficiente. As construções eram de pau-a-pique.
A roda de tear e fiar garantia o tecido para as roupas, enquanto a natureza generosa e as terras férteis proviam as necessidades de alimentos e produtos para o escambo com outras localidades.Em 1848, moradores da fazenda Lagoa Dourada decidiram erguer uma capela e a consagraram ao santo guerreiro São Sebastião.
O terreno, de um alqueire, foi doado por Plácida Joaquina dos Reis, mulher de Cândido José Mendes, em escritura passada no Termo de Nossa Senhora do Patrocínio do Rio Verde de Caldas, da vila de Cabo Verde, comarca de Sapucaí, hoje Santa Rita do Sapucaí.
Em 1850, 1852, 1853 e 1881, sucessivas doações de terrenos, ligados à primeira delas, ampliaram a área do povoado. Assim, foram construídas ruas e o cemitério, localizado onde hoje se encontra a Rodoviária. Em 1860, Samambaia foi elevada à categoria de Distrito de Paz e passou a se chamar São Sebastião de Jaguary. Em 1866, transformou-se em Freguesia.
Por essa época, a fazenda Lagoa Dourada estava dividida em duas partes, que foram sendo retalhadas em áreas menores, com a chegada de novos moradores.
No relato do historiador andradense João Moreira da Silva, no texto Caminhando de Samambaia a Andradas, “os proprietários que antigamente deixavam o gado livre, buscando o que comer onde quisesse, encontravam-se confinados, sufocados, como o gado, pelas cercas de arame farpado, novidade naquele tempo.
Outra das inovações era o plantio do café, coisa que irritava aqueles que acreditavam que a nossa região deveria continuar sendo unicamente pastoril. Muitos deles, amando a natureza bruta, com suas árvores nativas, com o pinheiral margeando o rio Jaguari-Mirim, encantando-se com a variedade de pássaros, não viam com bons olhos as queimadas abrindo espaços, os animais afugentados, a enxada correndo, para plantar o odiado cafezal, que nem sequer sabiam se ia se adaptar ao nosso clima.
Este foi um dos motivos da família Pontes ir procurar novos caminhos, em busca de terras férteis para o gado ou compras mais amplas e mais baratas. Havia também outro motivo a este, bem mais forte.
A execução de Cachico na forca em 1857, sendo este interligado em parentesco com a família Pontes. Pois os Pontes, Batista, Beraldo, Ribeiro e Mendes são entrelaçados familiarmente e os primeiros a se estabelecerem em nossa comunidade”.
Cachico, ou Francisco Batista Ribeiro, o último condenado à forca em Minas Gerais, foi executado em Caldas no dia 8 de janeiro de 1857. A mudança da família Pontes, causada em parte pela morte de Cachico, mas também (e, talvez, principalmente) pela chegada do café, pode ser considerada como um marco divisor na história de Andradas.
O fim da escravidão ainda tardaria quase dez anos, mas, em 1880, o café já exigia a contratação de mão-de-obra para o trato e a colheita. O Brasil (principalmente o Sul) iniciava a política de atrair imigrantes alemães e italianos.
Em São Sebastião do Jaguary não era diferente e os italianos começaram a chegar, a partir da abertura oficial à imigração, em 1893. Contratados para substituir os escravos, moraram inicialmente nas senzalas.
Os registros guardam nomes das primeiras famílias: Guido, Athanazio, Venturelli, Baldassari, Benassi, Conti, Trielli, Lomgo. Por essa época, havia cerca de cem casas na comunidade, das quais três assobradadas mais antigas e mais de vinte, novas.
Com os italianos, chegaram também nova cultura e novos hábitos. No início, a colônia italiana se manteve fechada. As famílias não permitiam o casamento fora dela, porque a maioria pretendia voltar para a Itália, depois de “fazer a América”. Naturalmente, os brasileiros os viam com reserva e com a superioridade de quem se sente dono do lugar. Tal sentimento se traduziu no tratamento jocoso de “polenteiros”, que davam aos italianos.
Isso durou cerca de duas décadas, nas quais ocorreu um importante fenômeno de aculturação, que seria decisivo para o desenvolvimento de Andradas, conforme se mostrará adiante. A tradição portuguesa de manejo da propriedade rural foi sendo substituída pelo jeito italiano de cuidar da casa, da criação e das lavouras, bem como por uma mentalidade de diversificar as atividades e a produção.
A casa de fazenda ligada ao curral e à pocilga, com chão de terra batida, foi substituída pela casa colonial, com tábuas largas, janelas amplas e mobiliários em madeira de lei.
Uma tulha, um monjolo, ranchos para carros de boi e o engenho de cana para produzir o açúcar completavam a estrutura de produção da fazenda. E no porão, ainda no século passado, surgiu uma novidade que se revelaria promissora para o futuro da região: a adega.
A primeira parreira de que se guardou registro pertenceu ao coronel José Francisco de Oliveira e controvérsias se estabelecem quanto ao primeiro fabricante de vinho, ainda para uso familiar: há quem mencione o próprio Cel.
José Francisco de Oliveira e quem atribua o fato a Joaquim Teixeira de Andrade. Mas logo os italianos reuniriam as condições para fabricarem o vinho. As cantinas mais antigas foram criadas por Mansueto Leonardi, Francisco Bertoli, Maximiliano Trevisan e Francisco Basso.
Através de Lei Provincial de 1º de setembro de 1888, a Freguesia de São Sebastião do Jaguary foi elevada a Vila do Caracol, instalada em 22 de fevereiro de 1890, data oficial de aniversário da cidade. A comunidade parece haver despertado para um dos maiores patrimônios naturais da região – a serra do Caracol, em cujas encostas se formou a sede.
Chama a atenção o fato de que, no brasão de armas do município (criado em 1972) aparecem duas buzinas de caça de boiadeiros, lembrando a pecuária, dois ramos de videiras, simbolizando a vinicultura, e um caracol, representando a serra homônima. Não se colocou símbolo ou alegoria para o café.
A beleza da região, a fertilidade das terras e a água limpa e abundante foram vencendo a nostalgia dos italianos pela terra natal e, no início do século, já havia ex-colonos transformados em cafeicultores.
Apesar do forte grau de parentesco entre a população brasileira, descendente de portugueses (“todos que não são italianos, são aparentados”, testemunha hoje uma moradora de Andradas), começou um processo de maior aproximação e interação com a comunidade italiana.
Na virada do século, o comércio da Vila do Caracol já ostentava tabuletas com nomes de lojas como Venturelli, Benassi, Trielli, Conti, Athanazio, Lomgo, Leonardi, Graziani, Biagioni, Pieroni, Taddei, Piagentini, Ferrari, Salvetti, Carroni, Giaconi e Contadini, iniciando uma tradição no ramo que se mantém até hoje. Outro traço de integração da comunidade é a influência italiana em uma das maiores tradições de Andradas e de Minas Gerais: a banda de música.
Em 1892, tomou posse a primeira Câmara Municipal. Em 1918, instalou-se o Termo Judiciário de Caracol. E, em 1925, a vila foi elevada à categoria de cidade. Por iniciativa do presidente da Câmara Municipal, Orestes Gomes de Carvalho, em 1928, o nome da cidade mudou: Caracol passou a se chamar Andradas, em homenagem ao então governador de Minas, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.
A mudança não agradou a muitos moradores da cidade.
Fiel a uma tradição de combatividade e de polêmica, inaugurada em 1911 por “O Caracolense”, seguido por “A Gazeta de Caracol” e “A Defesa”, o jornal “O Popular”, em sua edição de 22 de maio de 1932, dizia: “Caracol ou Andradas?
Eu penso que nem Caracol e nem Andradas, São Sebastião do Jaguary é que é. Caracol foi ruim, Andradas pessimamente péssima. Convém que trabalhemos para São Sebastião do Jaguary, nome antigo, que depois de Samambaia, foi a segunda denominação que tivemos”.
O plebiscito organizado pelo jornal não foi suficiente para mudar o nome de Andradas, que permaneceu até hoje.
Ademais, verificou-se que a homenagem a um governador de Minas Gerais já não teria unanimidade local muito antes dos fatos relatados. A proximidade da cidade com a fronteira do estado de São Paulo e a distância física e política em relação à capital e ao governo mineiros, já em 1874 tinham provocado um movimento de cerca de 300 moradores, para que a então São Sebastião de Jaguary fosse incorporada a São Paulo.
Isso se repetiu em 1961, quando São Sebastião do Paraíso liderou movimento separatista em favor de São Paulo, reunindo 55 municípios do Sul de Minas, entre os quais Andradas. Um e outro não chegaram aos resultados desejados, mas sinalizam uma realidade de maior proximidade com São Paulo, que será novamente abordada no curso deste Diagnóstico.
A evolução da economia do município gerou, além da sede, mais duas aglomerações de moradores, os distritos de Campestrinho e Gramínea, com vocação marcadamente rural.
Pecuária, café, vinicultura, banana, rosas, indústria cerâmica, confecções, fabricas de doce, biscoito e bolacha configuram o atual perfil econômico de Andradas.
Seu processo de formação histórica, com forte influência da imigração e da cultura italianas, conformou um perfil sociológico diferenciado dos municípios vizinhos, que influi e aparece em diversos indicadores de desenvolvimento econômico e de qualidade de vida.
A polarização exercida por Poços de Caldas, a proximidade com as cidades paulistas de Campinas, Águas da Prata, Espírito Santo do Pinhal, Mogi Mirim, Mogi Guaçu e a própria capital (São Paulo), bem como o afastamento econômico, político e cultural da capital mineira definem fluxos e expectativas econômicas.
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